Crítica - Hobo with a Shotgun (2011)

Realizado por Jason Eisener
Com Rutger Hauer, Gregory Smith e Molly Dunsworth

Um sem-abrigo errante e idoso vê a sua obstinação por um corta-relva - veículo para uma oportunidade de trabalho lícita - ameaçada pela corrupção vigente de uma cidade contemporânea, recôndita e necrosada. Do mote, inspirado num dos vários trailers produzidos por Tarantino e Rodriguez em torno da saga "Grindhouse" (2007), desenvolve-se uma luta desigual, de contornos surrealistas e desfecho consonante: Por entre polvos gigantes, pais-natais perversos e malfeitores de look "dandy", o veterano Rutger Hauer ("The Hitcher", "Blade Runner") dá vida a um hobo irredutível, imbuído de uma curiosa moralidade alternante entre um proteccionismo altruísta e um belicismo primário de índole ultra-republicana.

 

"Hobo With a Shotgun" constitui um digno registo de cinema fantástico, eclético q.b. (ora épico, ora negro, ora com laivos de mad-max) e apresenta-se devidamente condimentado com uma boa dose de absurdidade, de violência e de humor, sendo fortemente recomendável a apreciadores do insólito e do bizarro na sétima arte.
Por entre a hora e meio de delírio proposta por Jason Eisener, devem ainda realçar-se os invulgares recursos utilizados na gestão de cor - a saturação cromática sublinha, devidamente, a espiral de insanidade de um argumento irónico e sádico - e, também, a necessidade de assinalar uma produção estritamente canadiana, quer pela rodagem do filme ter ocorrido integralmente em Nova Scotia, quer pela inabitual aparição de um raro Bricklin SV-1 (a mais notável viatura dos vilões é canadiana), quer também pela inclusão de alguns francesismos, mais ou menos camuflados.


O estilo debutante e "low cost" apenso a "Hobo with a Shotgun" não passou despercebido no festival de Sundance de 2011, tendo coleccionado algumas críticas relevantes na imprensa norte-americana. Em Lisboa, enriqueceu, inequivocamente, o Syfy Fest de 2012.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

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