Pérolas Indie - West of Memphis (2012)

Realizado por Amy Berg 
Género - Documentário 

Sinopse - Começando com uma análise incisiva da investigação policial de 1993 sobre os assassinatos de três rapazes de oito anos - Christopher Byers, Steven Branch e Michael Moore - na pequena cidade de West Memphis, Arkansas, o filme revela novas provas acerca da prisão e condenação de outras três vítimas deste crime chocante - Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley. Os três jovens eram ainda adolescentes quando se tornaram alvo da investigação policial; os três perderam dezoito anos das suas vidas, presos por um crime que não cometeram. O documentário é em si uma parte fundamental da história da luta de Damien Echols para salvar a sua própria vida. O filme mostra quão perto ele, a sua mulher Lorri Davis, a sua equipa de advogados, amigos e apoiantes estiveram de perder esta batalha. 

Crítica – Se quiser ter uma visão mais alargada e completa do complexo e polémico caso dos West Memphis Three e do Triplo Homicídio das Colinas Robin Hood, então aconselho-o vivamente a ver os três filmes documentais “Paradise Lost” – “Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills” (1996), “Paradise Lost 2: Revelations” (2000) e “Paradise Lost 3: Purgatory” (2011). Estas três obras estão todas muito bem-feitas e aprofundam ao pormenor todo o processo judicial e todas as questões – políticas, morais e legais – que foram surgindo ao longo deste processo e que são pertinentes para conseguirmos compreender a sua dimensão pública e legal. Este “West of Memphis” não é tão exaustivo como essa coletânea documental, mas também faz uma análise muito interessante e cuidada dos grandes problemas e aparentes injustiças deste controverso caso, que ainda divide a opinião pública norte-americana. Tal como “Paradise Lost”, “West of Memphis” tenta mostrar ao público que Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley foram injustamente acusados e condenados pelo homicídio brutal de Christopher Byers, Steven Branch e Michael Moore. O documentário começa por nos dar uma breve mas elucidativa aula teórica sobre os principais acontecimentos gerais do caso. No fim desta pequena introdução, Amy Berg começa então a dissecar os vários erros processuais que foram cometidos pelos vários intervenientes judiciais e policiais ao longo do caso e que, de certa forma, acabaram por ter uma influência direta na condenação dos três jovens, que também foram vítimas de danosos juízos de valor que minaram por completo a sua credibilidade e sentimento de inocência junto da opinião pública e até do próprio sistema judicial. Entre testemunhos falsos, uma confissão forçada, uma ausência improvável de provas forenses claras e concretas, um trabalho extremamente incapaz e incompleto por parte dos vários polícias que trabalharam no caso e uma irritante teimosia por parte dos procuradores que acusaram os jovens e insistiram na sua condenação, “West of Memphis” prova, sem sombra de dúvidas, que os acusados - Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley - foram vítimas de enormes atrocidades judiciais ou populares e tiveram um julgamento muito injusto que culminou em pesadas penas de prisão. O objetivo deste documentário é mostrar ao mundo que os três homens acusados não são assassinos e segue por isso os esforços de uma equipa independente de investigadores e advogados, que levaram a cabo uma exaustiva investigação (financiada por várias celebridades e milhares de indivíduos que acreditam nesta causa) para encontrar novas provas e contrariar antigos testemunhos que consigam provar a sua inocência. Esta missão foi um sucesso e, após dezoito anos de prisão, os três jovens foram libertados. Esta investigação tenta também encontrar o verdadeiro culpado pelo triplo homicídio e, apesar de nada ficar provado, fica no ar a ideia que o verdadeiro culpado é um dos familiares das vítimas. Estas acusações são substanciais e nunca serão levadas a tribunal devido aos contornos do sistema, do caso e da libertação dos três alegados assassinos, que tiveram que se declarar culpados para serem libertados sem terem que enfrentar um novo julgamento, assim sendo, nunca deveremos saber quem é que realmente matou violentamente Christopher Byers, Steven Branch e Michael Moore, nem porque é que esta matança aconteceu e como aconteceu. Estas questões judicais, policiais e políticas são interessantes, mas, a um nível mais secundário, este documentário também tem uma trama romântica graças à história de amor entre Damien Echols e Lorri Davis, uma ativista que lutou contra meio mundo para conseguiu financiar a investigação privada que acabou por ajudar a libertar o seu atual marido. A sua persistência é notável e deu frutos positivos. O relato da sua confiança e insistência confere um lado humano e moral a este documentário, tal como as entrevistas das "vítimas" acusadas e dos familiares das vítimas assassinadas. A descoberta pela verdade é interessante mas inacabada, mas em relação a isto pouco há a fazer. O máximo que cada um pode fazer é tecer a sua própria opinião sobre este caso, mas para isso convém ficar a saber um pouco mais sobre este caso por intermédio de outros documentários ou livros, um pouco mais imparciais. 

 Classificação – 3,5 Estrelas em 5

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