Crítica - Jack, the Giant Slayer (2013)


Realizado por Bryan Singer 
Com Nicholas Hoult, Ewan McGregor, Eleanor Tomlinson, Stanley Tucci 

Bryan Singer é um realizador de altos e baixos. O clássico “The Usual Suspects” granjeou-lhe o reconhecimento dos colegas de profissão, catapultando-o para a alta-roda de Hollywood. Os dois primeiros filmes da saga “X-Men” foram também muito bem recebidos pelo público e pela crítica especializada, tendo sido eles a elevar a fasquia das adaptações cinematográficas dos heróis das bandas-desenhadas, transportando-as para um nível de realismo e seriedade que antes não existia. Porém, “Superman Returns” revelou-se um fiasco comercial e “Valkyrie” esteve igualmente muito longe de convencer tudo e todos. Na minha opinião, “Superman Returns” e “Valkyrie” não foram tratados com o respeito que mereciam, pois estão longe de serem desastres cinematográficos. Todavia, Singer viu a sua imagem afetada por estes flops críticos e comerciais, ficando a ideia de um realizador com talento inquestionável, mas também capaz do melhor e do pior. Ora, “Jack, the Giant Slayer” chega precisamente numa altura em que a carreira de Singer se encontra na mó de baixo. E este talvez não seja o filme ideal para catapultar o jovem realizador de novo para a ribalta, já que é um filme muito particular, uma obra que abusa um pouco do CGI e que tem uma aura demasiado infantil para colher aplausos de todos os públicos.

 

Todos conhecem a história que está aqui em causa, pois ela é uma lenda do imaginário infantil. Jack (Nicholas Hoult) é um jovem camponês que sonha com voos maiores. Cabeça no ar e um pouco trapalhão, o rapaz executa as tarefas do seu dia-a-dia sem grande excelência e sonha com a oportunidade de fazer algo de extraordinário com a sua vida vulgar. Isabelle (Eleanor Tomlinson), por outro lado, é a princesa do reino de Cloister, uma bela rapariga que se aborrece facilmente com os ares do palácio e que sonha com uma liberdade que o seu pai – o Rei Brahmwell (Ian McShane) – não parece disposto a conceder-lhe. Ambos os jovens provêm de mundos inteiramente distintos, mas tanto um como outro possuem um espírito em tudo similar: um espírito que anseia por aventura e por novos horizontes. Pois bem, a oportunidade de embarcar em perigosas aventuras chega finalmente quando um gigantesco pé de feijão brota do solo e une o reino de Cloister a um reino povoado por temíveis gigantes. Num piscar de olhos, a princesa Isabelle é raptada pelos gigantes desejosos de vingança e Jack parte em seu socorro, juntamente com o bravo Elmont (Ewan McGregor) e o traiçoeiro Roderick (Stanley Tucci).

   

Ao contrário do que possa parecer, “Jack, the Giant Slayer” não é um mau filme. O trailer pode levar à crença de que o filme é um desastre. Aliás, depois de ver o trailer, a única coisa que me despertou o interesse por esta obra foi mesmo o nome de Bryan Singer. Porém, esta fita não é tão tola como parecia ser, apesar de ser demasiado infantil em alguns aspetos e de possuir uma história excessivamente previsível. Um pouco à imagem do seu realizador, “Jack, the Giant Slayer” fica-se pelo meio-termo, entre o bom e o mau, entre o filme infantil e a aventura para todas as idades. O ritmo da narrativa decorre com naturalidade, nunca deixando que esta caia num aborrecimento sem fim. Os gigantes estão também muito bem conseguidos, embora os efeitos especiais vacilem um pouco entre o muito bom e o meramente aceitável, havendo mesmo um excesso de CGI em certas partes da película. O 3D transporta a aventura para outros níveis de excelência e a batalha final entre o exército de gigantes e os guardas do Rei consegue ser surpreendente, sendo negra quanto baste para assustar umas quantas criancinhas. Os aspetos mais negativos da película prendem-se essencialmente com a leveza e a previsibilidade da narrativa, bem como (de forma algo surpreendente) a prestação sofrível do elenco. Numa obra destas características (dirigida a um público maioritariamente jovem), ainda se pode desculpar a narrativa fácil e forçada. Mas com nomes tão sonantes como Ewan McGregor, Ian McShane e Stanley Tucci no elenco, performances tão artificiais e apagadas não se podem tolerar. Todos parecem trabalhar em piloto-automático e a jovem Eleanor Tomlinson demonstra mesmo muito pouca aptidão para as artes da representação, o que não se aceita numa fita deste gabarito. Bryan Singer falhou essencialmente na direção de atores e na propensão algo exagerada para o uso do CGI. “Jack, the Giant Slayer” transforma-se então numa fita de aventura agradável e nada mais que isso, sendo no entanto de saudar a conclusão inspirada e a homenagem que presta às lendas que se imortalizam através dos tempos. 

 Classificação – 3 Estrelas em 5

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