Crítica - Great Expectations (2012)

Realizado por Mike Newell
Com Jeremy Irvine, Robbie Coltrane, Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter

Mike Newell é responsável por alguns filmes interessantes que deixaram uma marca no cinema internacional, tais como “Four Weddings and a Funeral”, “Donnie Brasco” e “Harry Potter and the Goblet of Fire”. “Great Expectations”, contudo, não ficará para a História como um dos seus melhores trabalhos. O potencial desta obra era enorme, ou não estivéssemos a falar de uma adaptação de um dos contos mais celebrados de Charles Dickens. Porém, muito embora o design de produção seja assombroso e os atores tenham performances praticamente imaculadas, a montagem final revela-se algo desequilibrada e a própria narrativa sofre de algumas inconsistências que não passam despercebidas. A obra de Dickens transformou-se num clássico da literatura por mérito próprio, mas não escapa a diversos lugares-comuns que hoje em dia são já praticamente insuportáveis. Assim sendo, “Great Expectations” conta-nos uma história muitas vezes vista: um órfão chamado Pip (Jeremy Irvine) vive na pobreza até ao dia em que um benfeitor desconhecido lhe dá a oportunidade de ingressar na aristocracia britânica dos tempos vitorianos. De um momento para o outro, ele torna-se um gentleman cheio de classe, comprovando que até um ser oriundo da ralé pode ambicionar fazer parte da alta-roda londrina. Mas terá ele capacidade para fazer perdurar esse período de glória? E conseguirá ele conquistar os afetos da bela e espinhosa Estella (Holliday Grainger), a sua amada de sangue azul? 

   

“Great Expectations” é, acima de tudo, um regalo visual. Nota-se que os valores de produção foram elevados e que tudo foi pensado ao pormenor e com muita cautela, para que a Londres vitoriana respirasse uma autenticidade quase desconcertante. De facto, o espectador é transportado para a Londres antiga com uma facilidade tremenda, quase sendo capaz de cheirar as sarjetas das ruas lamacentas e sentir o frio da neblina londrina. A nível técnico, o filme encontra-se muito perto da absoluta perfeição, não sendo de estranhar também a sua nomeação para o BAFTA de melhor guarda-roupa. Estranhamente, o problema instala-se onde à partida não deveria haver problema nenhum: na narrativa. Há muitas questões que ficam pendentes e outros tantos volte-faces que não nos convencem por inteiro, havendo uma aura de desvario narrativo que paira sobre toda a película. Como já foi dito antes, a montagem final da película também não ajuda à festa, pois somente contribui para o acréscimo do desnorte. Os atores em geral têm prestações satisfatórias (com destaque para o grande Ralph Fiennes e a estreante Holliday Grainger), mas alguns acabam por tombar no overacting e Jeremy Irvine não tem ainda estofo para interpretar uma personagem da complexidade de Pip. No geral, fica a imagem de uma película interessante e visualmente fascinante, mas algo bizarra. Talvez ao bom estilo de Dickens, portanto, embora se exigisse mais de Newell e da sua equipa.  

Classificação – 2,5 Estrelas em 5

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